sábado, janeiro 15

A Liberdade da Consciência Humana em meio à Política e à Religião



Diante das artimanhas político-religiosas que povoaram nosso domingo eleitoral e costumeiramente religioso resolvi produzir o texto abaixo:  
 
  O Concílio Ecumênico Vaticano II. Certamente o acontecimento mais significativo na História recente da cristandade católica. Precioso exemplo de racionalidade afetuosa, de diálogo, de consciência acerca do papel da fé da Igreja na vida pública. Papel esse que vem sendo sistematicamente ignorado e, o que é ainda mais preocupante, desvirtuado por aqueles que deveriam dedicar suas vidas a defendê-lo.
 
  Minha reflexão parte da declaração “Dignitatis Humanae”, trecho extraído do Concílio que expressa a importância se permitir a cada indivíduo exercer de modo crítico sua autonomia, sem que ministros embriagados de arrogância, vaidade e absolutismo, lhe digam o que podem ou não fazer, como devem viver, sentir, rezar, votar...
 
  Mas não é de se espantar. Os que elevam suas vozes em púlpitos, santuários e paróquias devem ignorar esse precioso exemplo do verdadeiro espírito da cristandade, de uma religião que nasceu do repúdio ao formalismo, à institucionalização da fé, da negação da primazia de poucos mestres sobre os demais... Tudo bem. Isso deve ser irrelevante. Afinal, é só o exemplo do próprio Cristo, que em nenhum momento disse os que pessoas deveriam fazer, e sim as aconselhava a ouvir a própria consciência, a agir por si próprias.
 
  Não me coloco aqui a apoiar candidato A ou B, o que me faz sair do meu silêncio são essas insistentes tentativas de engessar o bem mais precioso que o Criador nos deu: nossa consciência, sede da nossa liberdade, onde nem mesmo a o Divino interfere, afinal, é o livre arbítrio que nos faz humanos. Não posso permanecer na inércia quando vejo erguer-se na 4ª maior democracia no planeta uma espécie de “Talibã” cristão que ao invés de cavernas habita templos religiosos na tentativa de infantilizar nosso poder de escolha, como se fossemos crianças desprovidas de razão, como se dependêssemos de suas mentes fanaticamente priveligiadas.
 
“Não vos fazeis passar por mestres ou senhores pois um só é vosso Mestre”. 

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