terça-feira, agosto 28

Cavaleiros do Apocalipse



Ultimamente estou observando muito certas mensagens sobre o fim dos tempos... hehehe... verdade... sobre ofim dos tempos daquilo que diz respeito, obviamente, ao Cavaleiro do Apocalipse que anuncia o grande, cataclisma!!! trocamos notícias diariamente na internet via email, blog, orkut, etc... isso é bom, e tem surtido frutos afinal denunciar é preciso... muitas das notícias que propagamos de certo modo esta fora de nosso âmbito uma atitude mais direta, de qualquer modo a indignação e conscientização já é um grande passo nesses casos. Contudo tem notícias que nos dizem respeito de forma direta, e pior, temos meios para agir contra e o que fazemos? Aí entra os tais"Cavaleiros do Apocalipse" que anunciam tristemente o fim próximo e nada fazem evita-lo!!!


Tudo isso tem me servido de reflexão pessoal para ver se não me encaixo também nesses Cavaleiros do Apocalipse, e me envergonho com a hipótese de viver uma filosofia individualista da qual só entra em palco diante de questões atingem somente a mim (exemplo: minha vida profissional corre perigo então agora sim vou militar, mas de forma bem morna pois afinal tenho minhas contas a pagar).


Isso não é nenhuma indireta a nenhum dos colegas que recebem esses emails... isso é antes de tudo uma realidade geral da qual muitas vezes faço parte. Deixo perguntas... do que serve essa tal razão se na maioria esmagadora das vezes ela é escrava das minhas vontades? Será que a pólis (cidade) é realmente maior das utopias?


É triste ter que admitir que a letra da música abaixo parece mais um sonho infantil desprovido do tal realismo paralisante que substitui a palavra humanidade por indivíduo (ou simplesmente EU)




"Nesta fantasia eu vejo um mundo justo


Ali todos vivem em paz e em honestidade


O sonho das almas que são sempre livres


Como as nuvens que voam


Cheias de humanidade dentro da alma


Na fantasia eu vejo um mundo claro


Lá também a noite é menos escura


Eu sonho que as almas são sempre livres


Como nuvens que voam


Na fantasia existe um vento quente


Que sopra pela cidade como amigo


Eu sonho que as almas são sempre livres


Como nuvens que voam


Cheias de humanidade no fundo da alma"


(Tema do filme "A Missão")




Paradoxal é pensar que essa letra pode parecer completamente rídicula e ingênua justamente para pessoas que crêem firmemente em um parceiro(a) eterno(a) ou mesmo que é posssível ganhar na mega-sena, ou seja, os sonhos no campo do individual é realização!!! agora no campo do coletivo é ingenuidade??? Será que Hobbes tinha mesmo razão em definir o homem como um átomo de egoísmo??? Mas ele ainda tinha fé que a sociedade educaria o homem por causas mais nobres do que realizações próprias!!!

domingo, agosto 26

Síntaxe à Vontade


Sem horas e sem dores

Respeitável público pagão

a partir de sempre

toda cura pertence a nós

toda resposta e dúvida

todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser

todo verbo é livre para ser direto ou indireto

nenhum predicado será prejudicado

nem tampouco a crase, nem a frase, nem a vírgula e ponto final!

afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas

e estar entre vírgulas pode ser aposto

e eu aposto o oposto que vou cativar a todos

sendo apenas um sujeito simples

um sujeito e sua oração

sua pressa e sua prece que a regência da paz sirva a todos nós...

cegos ou não que enxerguemos o fato de termos acessórios para nossa oração

separados ou adjuntos, nominais ou não façamos parte do contexto.

sejamos todas as capas de edição especial

mas, porém, contudo, entretanto, todavia, não obstante

sejamos também a contra-capa

porque ser a capa e ser a contra-capa é a beleza da contradição

é negar a si mesmo e negar a si mesmo é muitas vezes,

encontrar-se com Deus com o teu Deus

sem horas e sem dores que nesse momento que cada um se encontra aqui

agora um possa se encontrar no outro, e o outro no uma

té porque... tem horas que a gente se pergunta...

por que é que não se junta tudo numa coisa só?


O Teatro Mágico

segunda-feira, agosto 6

Pã e Dionísio, os deuses selvagens


Atribui-se a muitos a paternidade de Pã. Evidentemente que foi mencionado também o irrequieto Zeus, mas até hoje ninguém sabe ao certo se foi ele. A verdade parece ser que Pã foi desprezado pelo pai por ser tão feio: mal feito e peludo, tinha chifres, barba, cauda e pés de cabra. Os outros deuses afastavam-se dele por causa do seu aspecto físico e não o consideravam um dos seus, embora pelo nascimento ele talvez fosse um deus e, segundo alguns, ainda mais antigo do que os velhos Titãs.
Pã não parecia importar-se muito, porque era um ser simples e sem ambições. Não aspirava às alturas do Olimpo e gostava de viver com os mortais na Arcádia, rio centro da Grécia do Sul. Esta era uma terra de largas planícies, entremeada de bosques e florestas. A norte existiam altas montanhas, onde Pã vivia a vida de pastor e guardador de gado, cuidando das suas ovelhas, cabras e abelhas. À noite juntava-se dom entusiasmo às festas das ninfas dos bosques e das colinas. Nessa altura tornava-se um pouco selvagem. Gostava imenso de se esconder entre as árvores quando passava um estranho, e assustá-lo com um grito repentino.
Pã pretendeu muitas ninfas, entre elas Sírinx, que fugiu horrorizada para as margens do rio Laden e se transformou em cana para lhe escapar. Incapaz de a distinguir entre tantas canas, Pã cortou um molho delas e fez as flautas com que ainda hoje o vemos.
Só quando a sua grande habilidade como flautista foi conhecida é que os deuses levaram Pã ao Olimpo por uns tempos para lhes ensinar a sua arte. Mas depressa percebeu pelos olhares de troça que não o chamavam senão por isso, e voltou outra vez à Arcádia e à sua vida anterior.
A história do deus Dioniso contrasta totalmente com a do modesto Pã. É uma história de loucuras, roubos e pilhagens, de um deus movido por forças que não conseguia controlar.
Zeus era pai de Dioniso, e a mãe era Sémele, filha do rei de Tiro. A ciumenta mulher de Zeus, Hera, destruiu Sémele com um raie, mas a titã Reia salvou o bebe e entregou-o aos cuidados do rei Átamas, de Tebas, c da sua mulher Ino. Para maior precaução, Dioniso andou sempre disfarçado de rapariga enquanto esteve com eles.
Apesar disso, Hera descobriu o seu paradeiro e enlouqueceu o casal, de forma que, num acesso de fúria, mataram o seu próprio filho,
Dioniso ainda não tinha sofrido nada, mas por ordem de Zeus, Hermes foi rapidamente a Tebas e transformou o rapaz numa cabra, para o esconder melhor. Depois Hermes levou Dioniso durante a noite para o monte Nise, onde as ninfas tomaram conta dele. Dioniso voltou à sua forma humana, mas ficaram-lhe para o resto da vida dois pequenos chifres, como os de um cabrito. Foi enquanto viveu na montanha que ele cultivou a primeira vide e fez uma vinha nas vertentes escarpadas do Sul. Plantava vides em todos os sítios para onde ia, e ficou conhecido como o deus do vinho.
Durante algum tempo tudo parecia correr bem, mas Hera não desistiu de procurar o rapaz e, por fim, encontrou-o. Sem a menor piedade, transtornou-lhe o cérebro, tal como tinha feito com Átamas e Ino, e ele ficou doido.
Dioniso rejeitou então todas as ninfas gentis que tinham tratado dele com tanto cuidado, e escolheu para companheiros os sátiros brutos e sem regras, guiados por Sileno e pelas Ménades As ménades eram mulheres selvagens, com os olhos brilhantes de maldade. Vestidas com peles de animais e armadas de espadas e serpentes, eram horríveis de ver e destruíam tudo o que lhes aparecesse pela frente.
Com o seu estranho bando, o jovem deus vagueou pelos mares, dando batalha e matando sem piedade todo aquele que se atravessasse no seu caminho. Primeiro visitou o Egito, onde as Amazonas se juntaram a ele para devolver o trono ao rei Ámon. Depois seguiu-se uma longa viagem por terra até à índia, onde se deram muitas batalhas sangrentas até toda a terra ser dominada. No Oriente, Dioniso viu muitas paisagens, costumes e animais desconhecidos nesse tempo na terra do seu nascimento, e levou com ele para a Europa os primeiros elefantes, que fizeram a admiração dos Ocidentais.
No regresso de Dioniso, Reia desafiou Hera e tentou livrar o rapaz da loucura, mas parece que era demasiado tarde. Apesar de um pouco mudado, Dioniso não desistiu do seu grupo de sátiros e de Ménades e da vida que faziam juntos. Tinha-se habituado à sua vocação comum, o amor da rebeldia e a vida selvagem, e ao vinho das vides que plantara e tratara.
Dioniso e o seu estranho exército, embora vivendo a combater, nem sempre ganhavam.
Licurgo derrotou-os completamente quando eles invadiram a Trácia, e embora Reia enlouquecesse Licurgo para salvar Dioniso, este apenas escapou à morte atirando-se ao mar, onde a ninfa Tétis o escondeu até passar o perigo.
De maneira mais pacífica, o deus do vinho e os companheiros visitaram Tebas, a principal cidade da Beócia, que fica a alguns dias de viagem a norte de Atenas, As pessoas eram calmas e reservadas, e embora tivessem tentado ser amigos ficaram ofendidos com o comportamento dos sátiros e das Ménades meio embriagados. O povo não viu com bons olhos as danças selvagens que duraram toda a noite na vertente do monte Citéron, por cima da cidade e ninguém pôde dormir por causa da música.
O rei de Tebas sabia que a um deus eram devidas certas liberdades, mas o seu povo sofrera bastante, pelo que mandou prender Dioniso e o seu bando. Mas antes que a ordem fosse executada, Dioniso enlouqueceu-o. Então os sátiros escaparam-se e alvoroçaram, pilharam e mataram por todo o país.
Deixando a Beócia numa confusão, Dioniso navegou para as ilhas Egeias. Dirigiu um navio a Naxos e esteve alguns dias no mar, quando a tripulação, duvidosa da sua identidade, o amarrou ao mastro. Depois voltaram o navio para o porto de Prine, na Ásia Menor, onde tencionavam vendê-lo como escravo.
Depressa viram que tinham cometido um erro, porque Dioniso partiu facilmente as cordas. Ficou uns momentos na sua frente, e começou a aumentar de tamanho. De repente, transformou-se num leão. Um rugido que parecia de mil animais ferozes encheu o ar. Nasceram vides na tolda e entrelaçaram-se nos cordames, e o navio estremeceu como que batido por uma enorme vaga.
Os marinheiros ficaram petrificados e pálidos de susto. Depois, todos à uma, atiraram-se ao mar. E transformaram-se em delfins, nadando por entre as cristas das ondas.
Voltando novamente ao barco, Dioniso navegou mais unia vez para a ilha de Naxos. Ali conheceu e casou com a filha de um rei e, talvez por influência dela, terminou os seus dias mais feliz do que tinha começado. Com o tempo conseguiu libertar a mãe do Mundo Inferior, mudando-lhe o nome de Sémele para Tione, para que Hera não soubesse. Semelhante amor para com os outros era novo em Dioniso e mostrava que a sua vida de maldades terminara.

domingo, agosto 5

O Sábio segundo H.Thoreau


Como pode o homem ser sábio se ele não sabe viver melhor do que os outros homens? -- se ele é apenas mais esperto e mais sutil intelectualmente? A Sabedoria falha? ou ela, por seu exemplo, ensina o modo de ser bem sucedido? Porventura é ela apenas o moleiro que mói uma lógica mais sutil? Platão ganhava sua vida melhor ou com mais sucesso do que seus contemporâneos? Sucumbia ele, como os demais homens, às dificuldades da vida? Predominava sobre os demais apenas pela indiferença, por se dar grandes ares? ou vivia com mais facilidade porque sua tia lembrou-se dele no testamento?

Henry Thoreau (1817-1862)