domingo, fevereiro 27

A História das Coisas



Este vídeo mostra os problemas sociais e ambientais criados como consequência do nosso hábito consumista, apresenta os problemas deste sistema e mostra como podemos revertê-lo, porque não foi sempre assim

quinta-feira, fevereiro 24

MITO E FILOSOFIA, PLATÃO E ARISTÓTELES


          O mito é a primeira explicação, produzida pela humanidade, para justificar a existência dos fenômenos que rondavam o nosso mundo. A principal característica desse tipo de explicação era o discurso fabuloso, ilógico, sobrenatural, não racional. Geralmente, acreditava-se numa pessoa mais experiente que tinha autoridade por ter testemunhado o fato que está narrando ou por ter recebido a notícia de quem testemunhou os acontecimentos narrados.

A Filosofia nasce da necessidade de explicar os fenômenos de forma racional e lógica, saindo do mundo mágico e misterioso da mitologia. Mas não podemos deixar de considerar que a mitologia provoca o surgimento do pensamento filosófico.A filosofia, então, vai dando os seus primeiros passos com os filósofos pré-socráticos e se paradigmatiza com Sócrates que acreditando nas potencialidades da razão aponta o caminho para uma vida ética a partir do controle dos instintos. O pensamento racional já estava instaurado na Grécia antiga.

Os pós-socráticos, em especial, Platão e Aristóteles, vão criar escolas filosóficas com perspectivas bem diferenciadas demonstrando assim que a principal característica da filosofia é a produção de ideias e o debate público dessas indagações sobre a vida, a morte, o bem, o mal, o quente, o frio, o Ser e o Devir, a existência e essência...

As principais questões apresentadas por Platão na sua filosofia são: a preocupação com a política e os rumos do Estado, a ética, a estética , desconfia dos sentidos e recusa a passagem da sensação ao conceito, não se interessa pelo estudo da natureza, antecipa-se ao método de Descartes (15961650) e acredita num mundo transcendente, onde estão as idéias inatas (nascidas conosco) nas quais se concentra toda a realidade, a razão aniquila e destrói as paixões. Sair da caverna é alcançar o mundo das ideias.

Aristóteles, mesmo sendo discípulo de Platão, não vai concordar com o seu pensamento apresentando um outro olhar sobre a filosofia que se caracteriza pela: vocação naturalista, observação do mundo físico/ concreto, onde os conceitos são tirados da experiência mediante a evidência, se interessa pelo estudo da natureza, o verdadeiro conhecimento vem da experiência, a razão governa e domina as paixões. “Nada está na mente que não tenha passado pelos sentidos”.

A partir dessas diferenças entre as concepções filosóficas de Platão e Aristóteles vamos construindo vários questionamentos sobre a origem e a verdade das coisas como: o que vem primeiro a idéia ou realidade, o conceito ou a experiência? os sentidos enganam? o que vejo não é verdadeiro, mas sim uma representação do que penso? preciso experimentar primeiro as coisas para depois criar os conceitos?

           Assim a filosofa vai consolidando as suas escolas. Empirismo, Racionalismo, Existencialismo, Idealismo e vários outros “ismos” presentes na teoria do conhecimento.

quarta-feira, fevereiro 23

Pastor escreve: ‘Deus nos livre de um Brasil evangélico’



O pastor Ricardo Godim (foto), da Igreja Betesda, escreveu em seu blog que precisou refletir por 15 anos para tomar coragem de modo a  expressar, agora, o seu temor de que o Brasil se torne “crente”, que é o sonho, disse, do “subgrupo do cristianismo e do protestantismo conhecido como movimento evangélico”. 

Ele observou que o puritanismo de um Brasil evangélico teria um efeito devastador na cultura do país. “Como os novos puritanos tratariam Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Maria Gadu?” 

Afirmou que não gosta de sequer pensar o destino que teriam poesias sensuais como a "Tatuagem", de Chico, e "Carinhoso", de Pixinguinha. “Será que prevaleceriam as paupérrimas poesias do cancioneiro gospel? As rádios tocariam sem parar “Vou buscar o que é meu”, “Rompendo em Fé”? 

Para ele, “uma história minimamente parecida com a dos puritanos provocaria um cerco aos boêmios. Novos Torquemadas seriam implacáveis e perderíamos todo o acervo do Vinicius de Moraes. Quem, entre puritanos, carimbaria a poesia de um ateu como Carlos Drummond de Andrade?” 

Ele escreveu que no Brasil evangélico não haveria folclore. “Acabaria o Bumba-meu-boi, o Frevo, o Vatapá. As churrascarias não seriam barulhentas. O futebol morreria. Todos seriam proibidos de ir ao estádio ou de ligar a televisão no domingo. E o racha, a famosa pelada, de várzea aconteceriam quando?” 

De acordo com o pastor, a devastação não se restringiria à cultura e à literatura brasileira. 

“Como ficaria a Universidade em um Brasil dominado por evangélicos? Os chanceleres denominacionais cresceriam, como verdadeiros fiscais, para que se desqualificasse o alucinado Charles Darwin. Facilmente se restabeleceria o criacionismo como disciplina obrigatória em faculdades de medicina, biologia, veterinária. Nietzsche jazeria na categoria dos hereges loucos e Derridá nunca teria uma tradução para o português. Mozart, Gauguin, Michelangelo, Picasso? No máximo, pesquisados como desajustados para ganharem o rótulo de loucos, pederastas, hereges.” 

Continuou: “Um Brasil evangélico significaria o triunfo do american way of life, já que muito do que se entende por espiritualidade e moralidade não passa de cópia malfeita da cultura do Norte. Um Brasil evangélico acirraria o preconceito contra a Igreja Católica e viria a criar uma elite religiosa, os ungidos, mais perversa que a dos aiatolás iranianos.” 

Mais: “Toda a teocracia se tornará totalitária, toda a tentativa de homogeneizar a cultura, obscurantista e todo o esforço de higienizar os costumes, moralista”. 

"Deus nos livre de um Brasil evangélico", escreveu.

Em 2000, de acordo com o censo do IBGE daquele ano, o Brasil tinha 26,2 milhões de evangélicos, representando 15,4% da população. O Censo de 2010 vai mostrar que de lá para cá houve um grande avanço nesse índice, podendo chegar a 30%; 

Com informação do blog do pastor Ricardo Godim.

Líderes: queremos admirar vocês


Muito se fala sobre liderança. Muito se especula sobre liderança. No fundo queremos alguém para admirar e se espelhar. Ao menos eu sou assim. Não consigo ser liderado por alguém que eu nãoadmire. Preciso, ao me sentar para uma conversa por exemplo, sentir que aquela pessoa tem algo para compartilhar comigo. Quero ouvir as experiências daquela pessoa.
Antes de continuar, uma foto:
Chico Buarque já contou em várias entrevistas a admiração que sentia por Tom Jobim. Essa foto deixa isso claro. Ele olha como quem vê alguém a quem os passos devem ser seguidos. Alguém para aprender, para compartilhar.
Para mim fica cada vez mais claro que só consigo ser liderado quando admiro o líder. Sem admiração, apenas cumpro a função. Faço por fazer. Não há vontade. Não há tesão (desculpem pela palavra, mas ela diz tudo). Se há admiração é outro papo. Faço com vontade. Sento para conversar e passaria horas ali. Não sinto o clima de competição. Em resumo: faço com prazer.
É claro que existe um grande problema. Quando o líder que admiramos desliza (faz algo em desacordo com os nossos valores), ele perde (um pouco) o poder de liderar. Assim como queremos trabalhar em empresas éticas, queremos líderes éticos e que atuem de acordo com valores sólidos. Muito da liderança vem do liderado quer ser o líder. Projetamos nele o nosso futuro. “Quero ser como ele quando crescer“. E isso só acontece com pessoas que admiramos.
Já que dei o exemplo do Chico Buarque, divido com vocês essa foto que exemplifica muito, para mim, o que é liderança (a foto é simplesmente sensacional). A garota, com um olhar de admiração. O Chico Buarque com cara de fascínio.
Em tempo: ambas fotos foram retiras do Tumblr Samba e Amor, dedicado ao Chico Buarque (http://chicobuarque.tumblr.com). A primeira foto, infelizmente, não sei de quem é. A segunda é do JF Diorio, da Agência Estado.

Deus Existe - Comercial da Macedônia (Albert Einstein) LEGENDADO

domingo, fevereiro 20

Abaixo-assinado Professores das redes públicas mesmo índice de reajuste dos senadores

Caros amigos de boa companhia,

Acabei de ler e assinar o abaixo-assinado online: «Professores das redes públicas mesmo índice de reajuste dos senadores.»

http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2010N4645

Concordo com este abaixo-assinado e acredito que você também pode concordar. Assine o abaixo-assinado e divulgue para seus contatos. Professores podem ter o mesmo reajuste salarial dos senadores!

Os senadores Cristovam Buarque e Pedro Simon apresentaram em 16/12/2010, projeto de lei estendendo o mesmo reajuste salarial concedido aos senadores para o Piso Salarial Profissional Nacional para os professores da educação básica das escolas públicas brasileiras.

Com o reajuste de 61,78% do aumento dos senadores, o piso salarial dos professores passará de 1.024,00 para R$ 1.656,62, valor inferior ao valor pago aos parlamentares a cada mês: R$ 26.723,13.

Para o senador Cristovam Buarque, a desigualdade salarial é substancial, talvez a maior em todo o mundo, com conseqüências desastrosas para o futuro do Brasil. Na opinião do senador, a aprovação do reajuste de 61,78% para os professores da educação básica permitirá, ao Senado, uma demonstração mínima de interesse com a educação das nossas crianças e a própria credibilidade da Casa.

Contudo eu iria além da categoria dos professores. Todos os índices de aumento de aumento de salário deveriam, no mínimo, acompanhar o AUMENTO ABSURDO que nossos parlamentares JÁ RECEBERAM!!!

Tem médico recebendo R$1.200,00 para fazer residência em hospitais públicos de São Paulo, com jornadas que vão bem além do indicado para um atendimento razoável as dezenas de seres humanos que passam por eles diariamente. Isso é um exemplo, sei que tem uma gama de profissionais essenciais que estão recebendo esmola dos cofres públicos de um país que ocupa a 14º posição na arrecadação de impostos no ranking mundial, só no ano passado tivemos um total de 1,27 trilhão de reais em tributos arrecadados!!!

sexta-feira, fevereiro 18

Como Havemos de Viver? A Ética numa Época de Individualismo




Como Havemos de Viver? A Ética numa Época de Individualismo, de Peter Singer
Tradução de Fátima St. Aubyn
Lisboa: Dinalivro, 2006, 424 pp.

O sentido da vida


Para muitas pessoas que desconhecem a filosofia, o sentido da vida é o temapar excellence desta disciplina. Curiosamente, é um tema que ocupa um lugar menor na história da filosofia, embora os filósofos gregos antigos lhe tenham prestado alguma atenção. Apesar dos artigos seminais de Thomas Nagel ("Death", 1970, e "The Absurd", 1971), não abunda a bibliografia contemporânea nesta área. Uma exceção notável é Como Havemos de Viver?, de Peter Singer, autor de Ética Prática (Gradiva) e Libertação Animal (Via Óptima). Em onze elegantes capítulos, com linguagem clara e pensamento bem organizado, Singer defende a hipótese de que só a vida ética é uma vida com sentido último. A hipótese não é nova; é a ideia fundamental dos melhores filósofos gregos. A novidade está na sua aplicação à vida contemporânea, que parece tão alheada destas ideias.
Ou talvez não. Um dos aspectos importantes deste livro é o fato de mostrar o que é a tão falada "crise de valores" contemporânea — apesar de o autor ser demasiado sensato para usar uma expressão tão tonta. O que se passa hoje é a conjunção de dois fenômenos. Por um lado, a falência das religiões enquanto forças moralizadoras. Por outro, o modelo (falsamente) liberal de sociedade assenta numa teoria raramente explicitada da natureza humana: que todos somos egoístas e que está muito bem que o sejamos. Esta teoria tem vindo a ser refutada em diversas instâncias acadêmicas (nomeadamente por Elliot Sober e David Sloan Wilson, no livro Unto Others), mas implantou-se na visão geral coisas. Ora, Singer mostra duas coisas importantes: que esta visão das coisas conduz à infelicidade; e que a correta interpretação da solução do dilema dos prisioneiros mostra o que é uma vida de cooperação.
Singer apresenta os traços gerais da sociedade egoísta construída pela visão falsamente liberal do mundo e declara-a uma "experiência social falhada", à semelhança do comunismo. A história das ideias que fundamentam essa experiência social é traçada com algum pormenor. Este modelo sem saída é contrastado com um modelo verdadeiramente liberal: o modelo japonês. As diferenças deste modelo são apresentadas com cuidado, sem contudo esconder os seus aspectos negativos. O fundamental é que o desenvolvimento social, econômico, científico, cultural e técnico não estão de modo algum dependentes da ideologia egoísta falsamente liberal. A célebre metáfora do "gene egoísta" de Dawkins é igualmente desmontada.
Recorrendo ao iluminante mito de Sísifo, os últimos capítulos apresentam o problema do sentido da vida e explicam qual é a natureza da ética, argumentando que o absurdo e o vazio que tantas pessoas sentem na sua vida, apesar do conforto material, resulta de uma vida indiferente à ética e ao bem-estar alheio. E esta é a razão da falência da falsamente liberal teoria capitalista da natureza humana: é uma teoria que procura o bem para o maior número de pessoas, incitando cada uma delas a não se preocupar com o bem do maior número de pessoas. O paralelo com o comunismo é óbvio: neste caso trata-se de procurar o bem para o maior número de pessoas sacrificando o bem de toda e qualquer pessoa em particular. Em ambos os casos, os meios estão em contradição com os fins.
Se há um livro de filosofia acessível ao grande público que vale a pena ler e reler e discutir, é este.

NOTA DA CNBB SOBRE ÉTICA E PROGRAMAS DE TV


CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL
Conselho Episcopal de Pastoral – 25ª Reunião
Brasília – DF, 15 a 17 de fevereiro de 2011
P – Nº 0131/11


NOTA DA CNBB SOBRE ÉTICA E PROGRAMAS DE TV
Têm chegado à CNBB diversos pedidos de uma manifestação a respeito do baixo nível moral que se verifica em alguns programas das emissoras de televisão, particularmente naqueles denominados Reality Shows, que têm o lucro como seu principal objetivo.
Nós, bispos do Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP), reunidos em Brasília, de 15 a 17 de fevereiro de 2011, compreendendo a gravidade do problema e em atenção a esses pedidos, acolhendo o clamor de pessoas, famílias e organizações, vimos nos manifestar a respeito.
Destacamos primeiramente o papel desempenhado pela TV em nosso País e os importantes serviços por ela prestados à Sociedade. Nesse sentido, muitos programas têm sido objeto de reconhecimento explícito por parte da Igreja com a concessão do Prêmio Clara de Assis para a Televisão, atribuído anualmente.
Lamentamos, entretanto, que esses serviços, prestados com apurada qualidade técnica e inegável valor cultural e moral, sejam ofuscados por alguns programas, entre os quais os chamados reality shows, que atentam contra a dignidade de pessoa humana, tanto de seus participantes, fascinados por um prêmio em dinheiro ou por fugaz celebridade, quanto do público receptor que é a família brasileira.
Cônscios de nossa missão e responsabilidade evangelizadoras, exortamos a todos no sentido de se buscar um esforço comum pela superação desse mal na sociedade, sempre no respeito à legítima liberdade de expressão, que não assegura a ninguém o direito de agressão impune aos valores morais que sustentam a Sociedade.
Dirigimo-nos, antes de tudo, às emissoras de televisão, sugerindo-lhes uma reflexão mais profunda sobre seu papel e seus limites, na vida social, tendo por parâmetro o sentido da concessão que lhes é dada pelo Estado.
Ao Ministério Público pedimos uma atenção mais acurada no acompanhamento e adequadas providências em relação à programação televisiva, identificando os evidentes malefícios que ela traz em desrespeito aos princípios basilares da Constituição Federal (Art. 1º, II e III).
Aos pais, mães e educadores, atentos a sua responsabilidade na formação moral dos filhos e alunos, sugerimos que busquem através do diálogo formar neles o senso crítico indispensável e capaz de protegê-los contra essa exploração abusiva e imoral.
Por fim, dirigimo-nos também aos anunciantes e agentes publicitários, alertando-os sobre o significado da associação de suas marcas a esse processo de degradação dos valores da sociedade.
Rogamos a Deus, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, luz e proteção a todos os profissionais e empresários da comunicação, para que, usando esses maravilhosos meios, possamos juntos construir uma sociedade mais justa e humana.

Brasília, 17 de fevereiro de 2011

Dom Geraldo Lyrio Rocha
Arcebispo de Mariana
Presidente da CNBB

Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus
Vice-Presidente da CNBB

Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário Geral da CNBB

terça-feira, fevereiro 8

Conhece-te a ti mesmo!


Atendendo a esse tão nobre e complexo apelo socrático me lanço nesse ensaio a uma breve analise intimista destas três décadas trilhadas. Encontro nestas trilhas algumas verdades sobre minha pessoa, porém passíveis de serem contestadas por mim mesmo a qualquer momento. O signo da liberdade talvez tenha sido o estigma que mais me fez companhia ao longo destes trinta anos, fazendo com que me descobrisse como uma espécie de projeto de espírito livre, assim como já dizia nosso tão estimado pensador – Friedrich Nietzsche. Espírito livre porque me coloco perante a vida como exceção aos espíritos cativos, que são a regra.

Contudo toda leveza carrega seu peso! No que tange as relações humanas, posso até amar, ainda que precariamente, as pessoas de modo particular. Mas carrego o imperativo existencial de amar, antes de tudo, a humanidade – o que é o abstrato. Nisso não me arrogo de nenhum heroísmo, me é um profundo traço indelével, inato, percebido, paradoxalmente, através de um complexo processo empírico da minha existência. Por isso amar exclusivamente o único, o individual, pode me levar, em algum momento, ao sentimento real de trair a humanidade.

Os sentimentos, em especial a paixão, indubitavelmente, vivificam o homem, não importa a forma com que se manifesta, mas sim que não tenha medidas, carregando consigo nosso bem mais precioso: a intensidade. Contudo esse amor intenso se apresenta prá mim nos objetivos universais, nunca o particular. É bem provável que nossos contemporâneos estudiosos que se debruçam sobre a psique humana me rotulem com alguma etiqueta psiquiátrica de transtorno comportamental, é moda nesses dias em que habito. O fato é que até hoje não encontrei uma maneira de servir ao abstrato e ao particular ao mesmo tempo.

A condição que provoca o amor particular me parece honrosa e digna de homens e mulheres virtuosos, e para esses dá sentido a toda uma vida, mas não para mim. Se tivesse duas vidas uma ofereceria ao amor particular e outra para o amor à humanidade, mas não creio nessa possibilidade. Viver não é uma experiência laboratorial onde possa voltar atrás nas minhas escolhas, é impossível saber se as escolhas que fiz é certa ou não, pois não tenho duas vidas pra testar e saber ao final qual delas foi a melhor.

Se duas amplas trilhas partem da estrada da vida, e só uma pode ser palmilhada, quem pode dizer qual a melhor? É por isso que defendo a ideia do fazer. Fazer o que se tem que fazer, o que se sente vontade de fazer, fazer o que dá prazer, o que desgasta, enfim, fazer. Por que? Porque aquele que não faz, vive no mundo do "se" e não aproveita o rascunho definitivo que temos. O “se” sempre será outro acaso, e não vem ao caso. O que não é efeito de uma escolha não pode ser considerado como mérito ou como fracasso.

Essa sucessão de acasos ou “destino” é o que faz da minha vida ser imprevisível e ao mesmo tempo "improjetável". Além de não possuir parâmetros ainda tenho o acaso, que independe completamente da minha vontade, é algo exterior a minha alçada. Ou seja, resultante de tudo isso, a minha vida adquiriu, ao longo desses trintas anos, uma leveza, marcada por sacrifícios e ao mesmo tempo tão infinitamente misteriosa e maravilhosa que fica difícil de chegar a uma conclusão. Em suma, reafirmo que ainda insistirei em viver na minha verdade: Esse amor incondicional a humanidade!