segunda-feira, setembro 11

Os Movimentos Sociais


Desde 2005 os movimentos sociais apresentam um reascenso na articulação e força política, além de maior clareza de posicionamento em relação ao atual governo. Percebe-se uma lenta mas progressiva superação do refluxo provocado, no início dos anos 90, pela política neoliberal, pelo desemprego, pela mudança da natureza do estado, e pela repressão social.
Se o governo Lula adotou uma postura de cooptação e desarticulação com medidas paliativas e oferecimento de cargos, também possibilitou maior diálogo e atendeu a várias reivindicações dos movimentos sociais, como barrar a ALCA, a base dos EUA em Alcântara, a autonomia do Banco Central, a suspender a transposição das águas do Rio São Francisco, quando a greve de fome catalizou muitas energias da oposição ao projeto. Uma conquista significativa foi a homologação da Terra Indígena Raposa-Serra do Sol. Contudo, nestes dois últimos anos houve um aumento significativo das lutas sociais no campo, na questão indígena e na ambiental (transgênicos, “deserto verde” e Amazônia são as mais evidentes).
Os movimentos sociais mantém a unidade em torno a objetivos históricos, como a reforma agrária, a oposição à política econômica neoliberal, a luta pela auditoria da dívida pública, e a universalização da educação. Atualmente há uma intensa mobilização em torno às campanhas nacionais pela reforma política, a redução das tarifas de energia elétrica e a reestatização da Vale do Rio Doce, que devem se intensificar no período das eleições. Permanecem também seus desafios: construir maior solidariedade entre os movimentos; conquistar apoio da sociedade para as lutas; romper com o maniqueísmo moralista, as práticas sectárias e o corporativismo; articular-se com redes internacionais; elevar o nível de formação e de consciência política de seus militantes; e garantir a contribuição das religiões, cuja espiritualidade e ética são indispensáveis para a reconstrução social.
Nesse cenário, as Assembléias Populares têm revelado sua força articuladora em torno da construção de um Projeto Popular alternativo que ajude a construir o “Brasil que Queremos”. Uma metodologia de consulta ao povo, que aposta na participação popular real e efetiva, buscando novos canais e caminhos de controle social e inventando novas formas de democracia direta e participativa conjuntamente com a democracia representativa. Um processo permanente de formação de grupos de base conscientizados e articulados, com a vocação e a responsabilidade de participar na elaboração e concretização de um Projeto Popular para o Brasil. Também o Grito dos Excluídos, em sua 12ª edição, vem apresentando crescimento como espaço articulador e de manifestação massiva. Abrangendo praticamente todas as capitais do País e realizando eventos populares em centenas de praças, ruas e localidades, tem por tema: “Brasil: na força da indignação, Sementes de Transformação”.
Os movimentos sociais terão papel decisivo nos próximos quatro anos. Depois de oito anos de governo Lula, ou o Brasil caminha para efetivar a Democracia transferindo riqueza e renda dos mais ricos para os pobres (isso implica não só prioridade às políticas sociais, mas também reforma agrária e reforma tributária), ou a eleição presidencial de 2010 terá como marca o desespero dos setores subalternos, se nem Lula der conta de atender seus anseios por equidade e justiça social.

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