segunda-feira, setembro 11

As Idéias da América



Publicado na Folha de S.Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997
A filosofia norte-americana, durante muito tempo, teve seu passaporte no mundo intelectual colocado sob suspeita.Para os acadêmicos formados na tradição do pensamento europeu, ela não passava de uma derivação secundária e, às vezes, extravagante, das idéias anglo-saxãs.Filosofia de qualquer modo jovem, cujo florescimento aconteceu em meados do século 19, com Emerson, Charles Peirce e William James, ela veio a adquirir ao longo deste século um formidável corpus teórico, enriquecido pelo diálogo que estabeleceu com os intelectuais europeus exilados na América depois da ascensão do nazismo — entre eles, membros do Círculo de Viena e da Escola de Frankfurt.Hoje, quando o pensamento europeu atravessa uma de suas crises mais fortes, a filosofia norte-americana postula, com sua incrível produtividade e heterogeneidade, o lugar de referência nas discussões contemporâneas, valendo-se de sua preocupação com as questões mais urgentes da cultura e da história. No Brasil, com exceção da escola analítica norte-americana, esta filosofia permanece menosprezada, uma situação que tende a ser revertida pela crescente publicação de seus pensadores no país.Neste mês, um dos principais trabalhos de Richard Rorty, hoje o mais influente pensador dos EUA, será lançado pela Editora Relume-Dumará: ''Ensaios Filosóficos''. A Martins Fontes acaba de publicar o mais importante trabalho do polêmico John Searle: ''A Redescoberta da Mente''. Stanley Cavell terá pela primeira vez uma obra sua lançada no Brasil, pela Editora 34: ''Esta América Nova, Ainda Inabordável''. Rorty escreve na seção ''Autores'' da Folha desde 1995. Cavell passa a escrever, a partir de hoje, nesta mesma seção, publicada no Mais!.

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